segunda-feira, 30 de maio de 2016

Terceiro passo: não diga que está tudo bem!



       Quer algo mais natural do que quando seu filho se machuca e você o consola dizendo que está tudo bem? Pois é, mas o fato é que NÃO está tudo bem! Se estivesse, ele não estaria chorando, chateado ou triste. Espera aí, Gi. Você está dizendo que não devo consolar o meu filho? Pois é, para dizer a verdade estou sim e não estou maluca, acredite!
 
       Quando falamos a nosso filho que está tudo bem, quando ele está com algum desconforto, estamos desencorajando ele a compartilhar seus sentimentos, assim como estamos passando a mensagem subliminar de que o seu desconforto não é um comportamento aceitável. Se fosse, a sua mãe não tentaria reprimi-lo ao dizer que está tudo bem. Faz sentido? Vou tentar explicar de outra maneira com um exemplo prático.
 
       Seu filho caiu e bateu o joelho. Veio chorando até você. Ao invés de consolá-lo dizendo que está tudo bem e que vai passar, faça o seguinte. Mantenha contato visual, de preferência fique na altura dele e diga: "você caiu e se machucou. Sei que está doendo e por isso você está chorando. É normal que a gente chore quando a gente se machuca. Mamãe ficará com você aqui nesse momento". Veja a diferença. Agora você passou a mensagem de que você se importa com o que está acontecendo. Que o sentimento dele é importante e que você sabe que o choro é consequência natural do que está acontecendo. Ele aprende que pode chorar e que é normal esse seu comportamento. Se não for nada de mais grave, como no exemplo citado, em poucos instantes ele tende a se sentir melhor. E se não se sentir, deixe que ele continue expressando os seus sentimentos. Não os reprima. Não os subestime. Deixe claro que você entende pelo que ele está passando. Você verá como parece mágica, mas ele ficará mais calmo.
 
        Este talvez seja o post que possa gerar um debate maior, por isso não deixe de expressar sua opinião e suas experiências.
Um beijo a todas.

Segundo passo: diminua seu ritmo

        

       Ok. Você finalmente entendeu que é preciso aceitar que seu filho é uma pessoa assim como eu ou você. Começou a conversar com ele, mas parece que ele não está entendendo muito? Provavelmente seja porque ele não tem tido tempo de processar a comunicação que foi a ele direcionada.

       Janet Lansbury dá um ótimo exemplo sobre esse "tempo de reação" que o bebê e os mais jovens têm. Ela comentou que no centro educacional onde trabalha, quando os pais vão buscar seus filhos no final do expediente, eles passam por sua sala. Chegando na porta, normalmente, dizem adeus e pedem a seus filhos que dêem tchau para ela. Eles não o fazem. Então, o que Janet faz? Vai até a janela que dá de frente  para  o estacionamento. Assim que as mesmas crianças avistam Janet, elas acenam felizes em 100% dos casos. Por que isso acontece? Porque os pais processaram a informação de se despedir lá na porta da sala de Janet e depois já começaram a pensar em outras coisas como o trânsito, a refeição ou o trabalho. Enquanto que as crianças ainda estavam processando a informação de que era momento para dar tchau tchau para a professora. Após o tempo de reação, ao avistarem Janet, elas assim o faziam. Era preciso apenas ser dado tempo a elas. O que, convenhamos, não damos. Na correria de nosso dia a dia, com o tempo que dispomos para tantos afazeres, estamos acostumados ao imediatismo. Temos que fazer isso agora e assim procedemos. 

       Ok. Aprendemos a conversar com nossos filhos, até dizemos, querido vamos trocar a fralda agora? Mas não esperamos o tempo de reação para que a informação seja absorvida e entendida completamente por ele. Assim, por mais que avisemos que é momento de trocar a fralda suja, para ele ainda é uma surpresa, porque na verdade ele não foi avisado corretamente. O que algumas mães no website de Janet disseram foi que contam até dez antes de agir. Eu particularmente não faço isso, mas observo as reações da Bia. Se ela continua ainda com a mesma expressão, é porque ela ainda não entendeu. Se teve alguma mudança é porque está processando. Então, espero um pouquinho mais e repito a pergunta. Deixo mais alguns instantes até ter certeza que ela entendeu e só nesse momento é que ajo. Sei que pode parecer trabalhoso ou demorado, mas lembre-se que é porque estamos acostumados a esse imediatismo. As crianças não! Elas estão se formando cognitiva e socialmente e é nosso dever ajudá-las da melhor maneira possível.
 
       Assim como pedi para você tentar se comunicar com o seu filho para ver as maravilhas, peço também para você diminuir o seu ritmo. Faça isso e prepare-se para ser surpreendida.
 
Um grande beijo a todas. Comentem suas experiências. Vamos enriquecer esse debate.

Primeiro passo: reconheça que seu filho é uma pessoa



        Você provavelmente deva estar pensando: "eu sei que meu filho é uma pessoa!" Pois é, você provavelmente saiba mesmo, mas possivelmente não aja assim. Quer um exemplo? Você está fazendo alguma coisa, quando lembra que é hora de trocar a fralda de seu filho. O que você faz? Vai até ele, pega no colo e troca a fralda, certo? Pois é, agora eu pergunto: "Você por acaso percebeu o que ele estava fazendo quando você o pegou no colo?" A resposta, provavelmente seja que você não se lembra.
       Na verdade você não se preocupou com isso. Para você o objetivo era trocar a fralda e assim você o fez. Mas seu filho estava fazendo algo antes e você o interrompeu. Você faria isso com outra pessoa qualquer? Acredito que não. Então, se pensarmos bem, não estamos reconhecendo nossos filhos como pessoas que pensam, sentem, têm desejos e vontades assim como eu e você!

        Magda Gerber em seu livro faz a seguinte suposição. Imagine que um gigante se aproxime de você, te agarre e te leve para outro lugar. Como você se sentiria? Possivelmente, assustado, não é mesmo? Agora pense que é assim que seu filho se sente várias vezes ao dia, quando você simplesmente decide o que fará com ele. Seja dar banho, comida, trocar de fralda etc. Ele nunca é avisado. Não perguntamos se ele quer comer naquele momento. Se ele gostaria de tomar banho e assim por diante.

       Já Janet Lansbury, uma das discípulas de Gerber, faz a seguinte colocação. Imagine que você sofreu um acidente e dependa de ajuda para tudo. Agora pense como você se sentiria se a pessoa que está cuidando de você simplesmente enfiasse uma colher em sua boca para que comesse, sem perguntar se você estava com fome ou ao menos te avisasse que iria ser o momento da refeição. Por que fazemos isso com nossos filhos, então? É de se pensar, não é mesmo? Será que estamos, de fato, reconhecendo eles como pessoas? Eu acho que não.

       Mas então, o que tenho que fazer? Converse com seu filho. Explique o que acontecerá. Fale que você quer trocar a fralda. Pergunte se ele não se importa. Questione se ele está com fome. Resumindo: interaja com ele, como você faria com outra pessoa qualquer. Respeite seus desejos e não interrompa sua linha de raciocínio. Espere que ele termine de brincar com o pezinho. E quando ele fizer contato visual, fale com ele que você gostaria de alimentá-lo naquele momento. Veja e se surpreenda com o que vai acontecer.

       Talvez você esteja pensando: "Mas ele não vai entender nada!" Algum tempo atrás, o Fantástico exibiu uma reportagem bem interessante sobre um casal surdo-mudo que se surpreendeu quando sua filha de 7 meses começou a falar algumas palavras (usando os sinais, é claro). Sem contar várias expressões que ela entendia e reagia de acordo. Por que estou dizendo isso? Porque gostaria que você tentasse se comunicar com o seu bebê e me contasse a reação dele. No post anterior eu relatei a diferença que senti logo na primeira semana com a Beatriz. Foi impressionante!

       Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Comentem. Vamos trocar experiências.

Como me tornei uma mamãe tranquila


       Eu encontrei uma autora que mudou radicalmente a minha forma de pensar a educação infantil. Modificou entre aspas, porque na verdade, confirmou muita coisa que eu pensava em fazer, mas que não encontrava estímulo para tal. Como por exemplo, não deixar minha filha assistir TV, não forçá-la a sentar ou a andar, etc. Estou maravilhada com tanta informação! 

     Vamos lá então. Nossa relação evoluiu muito e minha vida de mãe foi enormemente facilitada. Explico. Antes eu ficava o dia todo brincando com minha filha, a estimulando a fazer isso, a fazer aquilo (como "normalmente" se faz com os bebês). Resultado: eu chegava ao final do dia exausta e ela também. Acredito que era muito estímulo para ela e faltava aquele momento de sossego. Agora a deixo bem mais a vontade durante o dia, para que ela possa ter o seu momento de processo criativo. Para que  seja ativa em seu dia, e possa escolher as atividades que irá querer, e não simplesmente aceitar ou ser obrigada a participar das que eu escolho para ela. Assim, segundo esta autora, minha filha aprende desde cedo a ser ativa e a não esperar sempre que os outros decidam o o que ela fará. Ou seja, ela aprende a sua independência e ainda por cima eu chego ao final do dia tranquila e feliz por tudo o que conquistamos durante o dia. Posso também, observar melhor suas conquistas, assim como suas tentativas que ainda não se concretizaram, mas que é, igualmente, maravilhoso, observar o seu processo e a sua evolução.
    
      Já havia notado, por exemplo, que ela não gostava de ficar sentada. Ficava no máximo 5 minutos e já chorava. E quando colocada para deitar em seguida, ficava toda alegre. Ela já estava me mostrando suas preferências, e eu, por obrigação, achava que ela  precisava praticar a posição sentada e sempre me cobrava por só a deixar "pouco tempo". Agora ela é muito mais ativa e feliz. Fica o dia rolando de um lado para o outro, barriga pra cima, barriga pra baixo, de lado, do outro lado. Esticando as pernas, comendo os pés (sim nova conquista!). Outra coisa que modifiquei foram os brinquedos. Antes a sobrecarregava com eles, minha filha mal explorava um eu já entrava com outro mais barulhento ainda. Agora ela brinca com os mais simples, e explora cada um deles minuciosamente. Aliás, hoje pude de fato verificar que ela prefere este estilo. Coloquei à sua frente, dois brinquedos, um de pelúcia barulhento e um copinho de plástico. Pois ela preferiu ficar brincando com o copo. Veja só que maravilha!
   
      Ah, tenho tanto para escrever, mas acho que fica melhor se eu for falando aos poucos. Por enquanto o que eu mais notei que mudou foi no momento do banho e do papá. Segundo a autora, a gente tem que conversar com o bebê e mostrar para ele o que irá acontecer para que ele possa se preparar. Tenho feito isso, mostro a banheira, brinco com a água enquanto ela está em meu colo e só depois a coloco lá. Minha filha já entra sorrindo e brincando. Antes sempre levava um susto e demorava um tempo para perceber o que estava acontecendo e só depois é que aproveitava. A outra melhora foi em sua refeição salgada. Agora antes de qualquer coisa, mostro o seu pratinho e sua colherzinha. Ela olha bem, processa e depois abre um enorme sorriso já sabendo o que virá. Desde que comecei a fazer isso, minha filha tem comido muito melhor. Não é mágico?
   
      Este foi apenas um relato de meus primeiros dias após ter encontrado a filosofia de Magda Gerber. Hoje, já há vários meses utilizando o método, posso dizer que me transformei como mãe. Aos pouquinhos vou contando os segredos por aqui.

Um grande beijo a todas as mamães.